Fornecer um laudo de exame correto e de qualidade ao paciente, um bom atendimento e a segurança de seus funcionários são as principais metas para os Laboratórios Clínicos.
Se tratando de segurança, alguns órgãos criaram normas que devem ser seguidas pelos laboratórios. Os regulamentos estabelecem atitudes e tarefas que diminuem o número de acidentes no local de trabalho. Os principais riscos encontrados por esses profissionais são: exposição ao sangue, excretas/secreções e fluidos corpóreos. A Anvisa/MS e a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, são alguns desses órgãos que estabeleceram padrões e normas de condutas para os laboratórios e que serão citadas abaixo.
De acordo com este regulamento, é importante que os laboratórios clínicos criem um manual de biossegurança para treinar e capacitar sua equipe. Em muitos laboratórios são utilizados os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) que visam a padronizar condutas e minimizar a ocorrência de erros no dia a dia.
A Anvisa define biossegurança como “condições de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”.
A RDC 302/2005 solicita ainda que as instruções de biossegurança sejam disponibilizadas aos funcionários de forma escrita, contendo os seguintes pontos:
a) normas e condutas de segurança biológica, química, física, ocupacional e ambiental;
b) instruções de uso para os equipamentos de proteção individual (EPI) e de proteção coletiva (EPC);
c) procedimentos em caso de acidentes;
d) manuseio e transporte de material e amostra biológica.
Esta norma foi criada pela ABNT como forma de proteção individual para quem trabalha em laboratórios clínicos e também para os seus pacientes. Seu objetivo é estabelecer especificações de segurança que possam ser aplicáveis aos laboratórios clínicos preservando a integridade de todos os envolvidos.
De acordo com a norma, o pessoal que trabalha no laboratório clínico deve:
a) estar treinado para interromper quaisquer atividades que ofereçam risco imediato;
b) identificar e registrar qualquer problema relativo à segurança;
c) iniciar, recomendar ou providenciar ações corretivas para eventuais situações de risco identificadas;
d) participar e acompanhar a implementação das ações corretivas.
É de suma importância que os laboratórios clínicos invistam em um treinamento adequado e contínuo para garantir a segurança no trabalho e o controle da qualidade.
Segundo a NBR 14785 o ambiente de trabalho deve ser projetado para assegurar que os riscos biológicos, químicos, físicos, ergonômicos e de acidentes sejam evitados ou minimizados, de modo a prover um ambiente de trabalho seguro.
O Ministério da Saúde define os EPIs como equipamentos que servem para proteção do contato com agentes infecciosos, substâncias irritantes e tóxicas, materiais perfurocortantes e materiais submetidos a aquecimento ou congelamento.
Segundo o órgão é obrigação dos laboratórios clínicos fornecerem equipamentos de segurança individuais como: jalecos, luvas, máscaras, óculos e protetores faciais. É importante destacar que o uso indevido destes equipamentos também pode provocar acidentes.
Para proteção coletiva existem as Cabines de Segurança Biológica (CSB) também chamadas de capelas de fluxo laminar. Estas cabines são utilizadas para proteção do profissional e do ambiente. Alguns equipamentos também protegem o produto que está sendo manipulado, evitando contaminações.
Os laboratórios clínicos devem possuir kits de primeiros socorros, necessários para pequenos ferimentos e kits de desinfecção para acidentes com materiais biológicos. É importante ressaltar que além dos kits a coordenação do laboratório deve disponibilizar treinamentos para os funcionários sobre como manusear os produtos.
O campeão de acidente é o perfurocortante. De acordo com o Portal Academia de Ciência e Tecnologia o número de acidentes com perfurocortantes em laboratórios clínicos varia entre 80% a 90%. Acredita-se que os riscos estão na falta de cuidado e preparo dos profissionais. É um número alto que pode diminuir a qualidade dos trabalhos oferecidos por estes profissionais.
O Ministério do Trabalho afirma que todo acidente deve ser notificado em formulários para que todos os procedimentos, inclusive legais possam ser executados. É importante destacar que por diversos fatores nem todos os acidentes são registrados, por isso, a necessidade de criar essa cultura dentro dos laboratórios.
Em caso de acidentes os profissionais de laboratórios clínicos devem entrar em contato com o responsável para que os procedimentos adequados sejam tomados em até 24h. Exames de sangue e testes sorológicos devem ser realizados em todos os envolvidos no acidente.
Fornecer um laudo de exame correto e de qualidade ao paciente deve considerar muito mais que uma boa técnica e um bom controle. O laboratório tem a oportunidade de agregar um componente fundamental ao seu trabalho, que é oferecer às pessoas um tratamento de fato humanizado. Desde o pedido de exame até o momento da interpretação médica os pacientes passam por diversos momentos, procedimentos e orientações nos laboratórios clínicos e, para alguns, pode ser verdadeira epopeia.
Alguns podem nunca se habituar à coleta de sangue, mesmo que se submetam ao processo frequentemente.
No Brasil, muitos pacientes consideram a ida ao laboratório um “mal necessário”. O laboratório clínico que der uma especial atenção a aspectos de humanização no atendimento aos seus clientes, com esmero e efetividade, estará de fato criando valor no seu trabalho, para aquele cliente direto que é o seu paciente, reduzindo sua sensação de “mal necessário”, o que aumentará a fidelização do mesmo.
“Pensamos demais e sentimos muito pouco. Mais do que de máquinas, precisamos é de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de bondade e compreensão.” Charlie Chaplin.
Deveria ser a primeira etapa e de fato a aproximação do paciente que recebeu um pedido do seu médico para exames, embora nem sempre aconteça assim. Nesta etapa, uma boa forma de garantir um atendimento mais humanizado é acolher bem e fornecer corretamente as orientações para os clientes. O paciente deve receber do laboratório informações como o tempo de jejum, sobre a realização de exercícios físicos, consumo de bebida alcoólica, dentre outras. O PALC (Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos) indica que essas orientações devam ser fornecidas por escrito, quando o cliente for responsável pela coleta, facultando o fornecimento na forma verbal para as instruções simples. O DICQ, 2011, estabelece que “AS INSTRUÇÕES PARA COLETA DE MATERIAL OU AMOSTRA PELO PRÓPRIO PACIENTE/CLIENTE, DEVEM SER DISPONIBILIZADAS DE FORMA ESCRITA E/OU VERBAL, EM LINGUAGEM ACESSÍVEL”. Verbal ou por escrito o certo é que o laboratório deve cuidar para que os pacientes não tenham nenhuma dúvida quanto aos cuidados pré-exame. Cuidar bem dessa etapa é melhorar o acolhimento.
A chegada do paciente ao ambiente do laboratório é cercada de mistérios para ele. Apresentar um ambiente seguro, localizar e responder as dúvidas do cliente no momento é fundamental para gerar confiança e demonstrar organização do laboratório. Disponibilizar informações claras, em cartazes, placas ou por pessoas preparadas, informar sobre registros, senhas e o local do exame, são atitudes que ajudam a acalmar o cliente além de criar um bom clima de acolhimento. Se o laboratório tem uma pessoa carismática para atuar na área de chegada dos pacientes, cumprimentado-os com simpatia, logo que puder chamando-os pelo nome, sorrindo e olhando para eles, orientando-os até para situações mais simples, é um diferencial a favor da humanização.
A coleta de sangue costuma ser o momento mais crítico para muitos pacientes. Às vezes são os mais saudáveis, em exames periódicos que estão mais propensos a reações indesejáveis, como a lipotímia. O laboratório clínico deve orientar seus funcionários, por meio de treinamento e aperfeiçoamento, quanto às melhores práticas nesse momento. Tivemos muita experiência com pacientes que têm lipotímia todas as vezes que se submetem à coleta. Se o laboratório tem conhecimento dessa suscetibilidade, pode oferecer um tratamento diferenciado a esse seu cliente, para a coleta.
A boa conduta no ambiente de coleta deve ser tratada com atenção. Um atendimento humanizado deve priorizar sempre o bem estar e a segurança do paciente. Ele está atento para julgar o laboratório/funcionário pelo seu próprio ponto de vista, pelo que imagina serem os pontos críticos para a qualidade dos seus exames. Por isso, devem-se evitar conversas e distrações no momento da coleta. Atitudes de dedicação e concentração ajudam a passar credibilidade além de evitar que o paciente sinta-se apenas mais um e desvalorizado. Para o coletor, habituado por anos no mesmo trabalho, este pode ser um momento banal, mas para o cliente é sempre um momento especial.
As situações especiais dos pacientes, como a lipotímia, mesmo não sendo frequentes, trazem grandes transtornos, especialmente se percebidas pelos outros clientes. O pessoal da coleta pode abordar antes o cliente sobre o tema e captar se é um cliente suscetível. Pode ser melhor conduzir uma coleta cercada de mais cuidados, num ambiente especial, com o paciente deitado, realizada por profissional mais treinado e mais carismático etc. Devemos cuidar para que nossa ação não acrescente sofrimento a quem já está fragilizado.
Eventualmente alguns clientes podem solicitar que o atendente interprete o resultado do exame na hora do recebimento do resultado. Sugerimos que o laboratório oriente seus funcionários para nunca interpretarem, para indicarem polidamente que o paciente se esclareça com o seu médico, que é a pessoa mais apropriada para interpretar seus resultados. Se o laboratório desejar adicionar valor ao atendimento, poderá disponibilizar um breve contato do paciente com o supervisor, médico, biomédico ou bioquímico, solicitando-o para que converse com o cliente. Mesmo dando a mesma orientação de aguardar a interpretação pelo médico assistente, oferecerá com sua presença e fala tranquilizadora um maior acolhimento e redução da ansiedade.
A qualidade no atendimento laboratorial humanizado favorece a fidelização do paciente ao laboratório. A dica do QualiChart é chamar atenção para a importância de criar diferenciais de acolhimento favoráveis aos pacientes, no que eles percebem e sentem, evitando a banalização do processo de atendimento.
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